domingo, janeiro 16, 2011

Fim do Rally Dakar

Saída: Córdoba (ARG)
Chegada: Buenos Aires (ARG)
Deslocamento: 645 km
Trecho cronometrado: 181 km
A aventura do Rally Dakar 2011 terminou nesse sábado. Nas quatro categorias, os líderes mantiveram suas vantagens e se sagraram campeões. O título ficou com Marc Coma (Motos), Alejandro Patronelli (Quadriciclos), Nasser Al Attiyah (Carros) e Vladimir Chagin (Caminhões). O melhor brasileiro foi Jean Azevedo, que terminou em sétimo lugar nas Motos. Entre os Carros, Guilherme Spinelli concluiu em nono e Marlon Koerich, em 14º. Os demais representantes brasileiros abandonaram. Logo abaixo, você confere o comentário da última etapa do jornalista especializado em Dakar Vitor Sendra, que vem acompanhando conosco a competição desse ano:
“A trigésima terceira edição do Rally Dakar se encerrou neste sábado e consolidou as vitórias já previstas de Marc Coma, nas Motos, Nasser Al-Atthyah, nos Carros, Vladimir Chagin, nos Caminhões e Alejandro Patronelli, nos Quadriciclos. Todas elas, em minha opinião, justíssimas. Admito que durante o rally torci para os pilotos pelos quais tenho grande admiração e afinidades pessoais, Marc Coma e Nasser Al-Attiyah Nunca tive contato com o Patronelli, portanto não tenho como defini-lo. Com o Chagin, que me jogou fora da estrada em um deslocamento no ano passado, tenho um ressentimento profundo. Ele quase provocou um acidente grave no carro em que eu estava com os mecânicos Giba e Bombom e o Sr. Ari Kolberg, pai do piloto Klever Kolberg. Se não fosse a perícia do Giba na condução, creio que dificilmente estaria aqui hoje contando este história.
Para desconstruir minhas previsões de ontem de que as posições não sofreriam alterações, nas Motos, com a quebra do chileno Francisco “Chaleco” Lopes, o português Helder Rodrigues herdou a terceira posição. Após mais de 5000km de especiais, as diferenças entre os pilotos eram muito grandes para serem tiradas em uma especial veloz de apenas 181km. Somente uma quebra, como a do chileno Chaleco Lopes, ou um acidente grave alteraria as posições de ontem.
Assim como no ano passado, o Dakar 2011 provou que somente quem tem uma grande estrutura de apoio sobrevive às difíceis especiais do Dakar. Quem já disputou o Dakar sabe a falta que faz um caminhão T4 para um apoio eventual depois de uma quebra. Muitos caminhões que se inscrevem na prova entram somente como apoio para outros competidores. Cabe a eles levar algumas peças de reposição, um mecânico para uma manutenção rápida, e, em casos extremos, rebocar o carro avariado até um local onde possa passar por uma manutenção rápida e voltar à especial. Um outro detalhe do Rally Dakar diz respeito aos apoios oficiais. Todos os carros têm um Iritrack que monitora o seu deslocamento durante a prova, e se o piloto solicita seu apoio mecânico durante a especial ele automaticamente está fora da prova. Por isso, muito pilotos de equipes menores têm apoios extraoficiais durante as especiais. Se acontece um quebra ele entra em contato com o seu “apoio oficioso”, através de um telefone via satélite. Esse apoio entra na especial, faz o reparo e o competidor volta à especial normalmente, atrasado, mas em condições de completar a especial e chegar no bivouac.

Nasser Al Attiyah (esquerda)

Um outro detalhe do Dakar é que durante a prova existem os pontos de passagem obrigatória, os  famosos “way points”. Os competidores têm, necessariamente, que passar por esses pontos durante a prova, caso contrário sofrem uma penalização com um acréscimo em seu tempo final na especial. Até o ano passado, os veículos avariados não podiam perder três way points seguidos pois seriam automaticamente desclassificados da prova. Se o piloto tivesse um problema, ele poderia passar por um way point e pular os dois subsequentes, como forma de conseguir chegar mais facilmente ao fim da especial e poder largar no dia seguinte. Este ano tivemos exemplos de pilotos que quebraram e foram rebocados até o bivouac e puderam largar no dia seguinte. Creio que uma forma de manter o grid da prova nos últimos dias.

Alejandro Patronelli

A participação dos brasileiros na prova foi extremamente positiva, apesar da saída precoce de José Hélio Rodrigues e Vicente de Benedictis, nas Motos, e de André Azevedo, nos Caminhões. Os resultados de Guilherme Spinelli e Marlon Koerich, nos Carros, e Jean Azevedo, nas Motos, foram muito bons. Guiga, com seu Mitsubishi Lancer, subiu uma posição em relação ao ano passado chegando na nona posição na classificação geral. Marlon, pilotando o Pajero da equipe Petrobras, finalizou o rally na décima quarta posição, sendo o melhor estreante no Dakar 2011.  Já Jean, com a terceira colocação na especial desse sábado, completou o Dakar na sétima posição e ganhou a sua categoria, Super Production acima de 450cc.

Marc Coma

Para os que não conhecem os rallys de grande duração é necessário uma explicação: comemora-se tanto o resultado como o fato de ter conseguido completar a prova. O desgaste físico e emocional durante um prova como o Dakar é indescritível. Em alguns momentos nos perguntamos o que estamos fazendo num lugar como esse, que sentido tem estar longe de casa, andando cerca de oitocentos quilômetros por dia em estradas difíceis, sinuosas, passando por trechos de areia e dunas intermináveis. Em muitos momentos nem saudade da família dá tempo de sentir. É uma sensação ímpar que somente quem conhece sabe explicar.

Um comentário:

  1. Não acompanhei o Rally Dakar de perto, mas sua cobertura merece parabéns, mesmo. Excelente. Não sei muito a respeito, mas pelo menos alguns brasileiros tiveram boas colocações.

    Abraço!

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